Confira a matéria fresquinha na Revista Mergulho, edição digital No. 02: Eu e Áthila Bertoncini conversamos com a super fotógrafa subaquática, a alemã Margit Sablowski, que conquistou o 3o. lugar geral no 15th World CMAS Underwater Photography Championship, o campeonato mundial da CMAS que aconteceu na Holanda em 2015. Na entrevista ela fala sobre técnica, inspiração, gênero e mostra seu portifólio! Baixe a revista e tenha acesso a todo conteúdo aqui.
Se você fosse escolher a música da sua vida, qual seria?
Por volta dos anos meus 17 anos, quando me preparava para responder a pergunta: “O que você vai ser quando crescer?” foi a primeira vez que ouvi Heroes. Ao decidir os primeiros rumos da minha vida, esse som iluminado de Mr. David Bowie deu uma baita ajudinha. Desde então, ainda hoje e espero que até ficar bem velhinha, sinto um arrepio pelo corpo quando a ouço. Me sinto justamente como a primeira vez que a ouvi. Obrigada Mr. David Bowie pela melhor música da minha vida.
Estreando a sessão de entrevistas do Blog Vida de Mergulhadora conheça o perfil da entrevistada do mês de dezembro: Cristina Zunino.
Além de pioneira na criação de um clube só de mergulhadoras no país, Cristina compartilha pelas redes sociais informações referentes ao mundo subaquático na comunidade Diver Girls Clube do Brasil (DGC).
O DGC agrega Mergulhadoras do bem, unidas pelo amor ao mergulho e que compartilham a missão de mergulhar juntas, neutras, corretas, para o bem e a paz, ajudar na conservação da vida marinha.
O grupo criado por Cristina compartilha notícias do mundo feminino no mergulho, os eventos para mergulhadoras, cursos, viagens, sempre ouvindo as opiniões femininas sobre o assunto. A Fan Page do DGC tem mais de 1500 seguidores e a comunidade, que vem crescendo a cada dia, atualmente conta com aproximadamente 900 integrantes.
Confira a entrevista que tive imenso prazer em realizar com essa querida mergulhadora, pessoa de grandes iniciativas, e que admiro muito:
VM: Como surgiu a ideia de criar um grupo de mulheres mergulhadoras?
Cristina: No princípio havia um grupo para conversas e esclarecer dúvidas na rede social Orkut. Quando o Orkut acabou achei que deveria investir sério na ideia de fomentar discussões entre mulheres mergulhadoras e criei o Diver Girls Club (DGC) nas redes sociais Facebook, YouTube e Twitter.
VM: Quais os principais benefícios do mergulho para as mulheres?
Cristina: Fisicamente, o mergulho queima calorias, mantém o corpo em forma, ou seja, faz muito bem a saúde! Psicologicamente, é uma ferramenta de transformação, de realizações pessoais. É a descoberta de um mundo novo. No relacionamento com o mundo marinho conhecemos novas pessoas, fazemos novas amizades e boas ações preservando e valorizando a vida marinha.
Imagem: Arquivo pessoal
VM: Como foi seu ingresso na atividade? Quais foram as inspirações e situações mais marcantes?
Cristina: Meu início no mergulho foi trágico. Sofri um acidente de lancha no mar e tinha trauma de água. Para mim, água só no chuveiro! Quando tomei a decisão de vencer limites, superar obstáculos fui em busca de meios de acabar com o medo de água e superar o pânico. Como sempre amei a vida marinha, resolvi fazer algo que permitisse estar em contato com ela. Decidida, fui à operadora de mergulho Diver’s Quest no Rio de Janeiro, comecei meu curso básico e mesmo contando com a ajuda de instrutores maravilhosos, levei meses para superar tudo. Meu primeiro mergulho foi em Arraial do Cabo na companhia de instrutores, amigas e família. Foi um passo de gigante! Tudo me acolheu, todos na água, o mundo marinho me aguardava.
VM: Qual a principal missão do Diver Girls Clube do Brasil?
Cristina: Nossa missão, nosso objetivo é desenvolver o mergulho feminino, divulgar, promover, incentivar as atividades das mergulhadoras, ajudando na conservação, preservação do meio ambiente e dos recursos naturais.
Imagem: Arquivo pessoal
Muito mais que uma forma de reunir mulheres mergulhadoras, as Diver Girls, voluntariamente, unem força e vontade em prol da conservação da vida marinha e realizam um belíssimo trabalho de inserção e manutenção das mulheres no universo do mergulho.Toda a renda arrecadada nas ações do DGC são doadas às ONGs voltadas à conservação da vida marinha.
Para você que ficou interessada em conhecer e fazer parte desse grupo super bacana, acesse a comunidade Diver Girls Club no Facebook e a Fan Page Oficial.
Serena Williams fotografada por Annie Leibovitz para o calendário Pirelli 2016 (Imagem: Divulgação)
Depois de se consagrar como o calendário mais desejado do planeta, em 50 anos de existência, o Calendário Pirelli ilustrou incontáveis partes do corpo feminino em meio à lama, areia, água, vinil, microbiquinis, savanas e elefantes, praias paradisíacas, peixes, banheiras de espuma e muitas, muitas caras e bocas. Um legado fotográfico e artístico impecável, admito. Mas, em sua versão 2016 resolveu apresentar mulheres “reais”, com vidas reias e com corpos reais. E, por quê?
Acredito, que aqueles que esperavam pelas garotas mais sexy do planeta ficarão um pouco [ou muito] desapontados. O trabalho para a versão 2016 é de autoria da fotógrafa estadunidense Annie Leibovitz. As mulheres que compõe o calendário são a artista plástica Yoko Ono, a atriz chinesa Yao Chen, a colecionadora de arte e filantropa Agnes Gund e sua filha Sadie Rain, a artista visual iraniana Shirin Neshat, a escritora e blogueira teen Tavi Gevinson, a tenista Serena Williams, a modelo russa Natalia Vodianova com seu bebê, a comediante Amy Shumer, a produtora Kathleen Kennedy, a escritora Fran Lebowitz, a executiva Mellody Robson, a também diretora Ava DuVernay e a roqueira Patti Smith.
Muito burburinho corre solto sobre a perda do sex appeal do calendário. Na minha opinião, já era sem tempo. Apesar de admirar o corpo feminino em toda a infinita beleza que ele representa, me enraivece o culto a um corpo feito para adequar-se à infames condições estéticas e principalmente, à serviço do prazer masculino ou utilizado como prerrogativa ao consumismo.
Apesar de ser apenas um pequeno recorte de mulheres poderosas possíveis, acho que o calendário será mais apreciado pelas próprias mulheres, que se reconhecerão entre uma ou outra das protagonistas dos 12 meses do ano que se anuncia, e aqueles que tiverem maior conhecimento de causa. Esperemos para ver em 2017, se não se trata apenas de modismo aparente em dias atuais …
Na semana passada, tanto recebi de várias pessoas quando acompanhei nas redes sociais, especialmente entre mergulhadores e grupos relacionados que sigo, a divulgação de uma imagem (a qual não tenho a menor ideia da autoria, embora a tenha até buscado) que me chamou imensamente a atenção: Na cena, uma mulher é arrastada pelo pé em direção ao mar por um mergulhador (entenda-se homem, macho, male entre outras denominações). Outro fato associado foi o de que os compartilhamentos, comentários e likes se davam com exclamações do tipo: “Comigo só se for assim!”, “É assim lá em casa”, “Mostre para Fulana sua esposa” ou ainda: “Minha mulher já está avisada” entre as mais frequentes expressões. Foi o que considero a verdadeira celebração do clube do bolinha mergulhador. Para entender minha reação, segue abaixo a fatídica imagem:
Diante desse episódio, gostaria de dizer algo bem importante: Comigo não é assim, e nem nunca foi. Nem comigo nem com inúmeras mulheres mergulhadoras, que vivem de e para o mergulho. Nem com aquelas que buscam apenas a si mesmas, alguma paz de espírito, contemplação à natureza, diversão, uma forma de praticar exercícios, fotografar ou a cura para suas feridas por meio do mergulho.
Não sou contrária a brincadeiras, e mesmo que pouco politicamente corretas às vezes, mas me incomoda muito o sentido como certos “memes” aparentemente inocentes refletem o estado arcaico, preconceituoso e imaturo da sociedade. Na verdade, de inocente a imagem compartilhada na internet tem muito pouco.
Primeiro, porque a icônica imagem de um homem da Pré-História arrastando uma mulher pelos cabelos que bem conhecemos não passa de um conto da Idade Média. Uma forma de fantasiar o suposto meio irracional de vida e de dominação masculina em um passado difícil de recompor até mesmo para o atual avanço da tecnologia. Assim, se você mulher, cresceu ouvindo essa história respire aliviada… Não passa de uma anedota Vitoriana, uma forma de imaginar e explicar o mundo naqueles tempos que, infelizmente sobreviveu até os dias de hoje.
No entanto, não respire aliviada para o fato de que mesmo depois de tantas batalhas femininas históricas por direitos e alguma igualdade civil, vemos novamente a ideia de inferioridade de gênero replicada.
Agora muitos pensarão: “Ah! Mas é porque o mergulho é um esporte/atividade/meio predominantemente masculino! Nada disso. Discordo. Se as mesmas condições sociais e econômicas (entre outras) fossem retratadas às mulheres, possivelmente teríamos tantas (ou mais?) mulheres quanto homens mergulhando. O que dizer, por exemplo, da maioria de mergulhadores japoneses ser formado por mulheres? O mergulho como qualquer outra atividade, apenas reflete os valores da sociedade em que se insere.
Sim, nós podemos!
Sendo mulher, e desde que me tornei mergulhadora, tenho curiosidade sobre o que faz, ou não, alguém tornar-se mergulhadora. Assim, sempre que posso, venho coletando impressões com colegas ou com pessoas desconhecidas mesmo, aqueles que a gente encontra uma vez em uma saída de mergulho e nunca mais. Às vezes sou eu quem pergunta, outras vezes são essas pessoas que falam. Na primeira oportunidade vou soltando logo: “Sua mulher, companheira, namorada (e por aí vai) também mergulha?” Bem, para minha árdua surpresa na maioria das vezes a resposta é um não tão óbvio “Não…”, seguido das mais diversas justificativas: “Ela não se sente bem”; “Ela não gosta” ou “Ela não gostou da experiência”; “Ela tem pavor de água; “Ela não é chegada nessas coisas”, ela isso, ela aquilo… sempre ELA. Claro, que há a possibilidade de sim ser um fato: Não gosta e pronto! Mas, tenho certeza, de que existe uma outra versão da história sobre a “aversão” de mulheres ao mergulho. E eu gostaria de ouví-las da boca das próprias mulheres.
A minha história com água começa quando, aos cinco anos de idade, quase me afoguei em um lago e fui salva por um colega de classe da minha irmã mais velha. Depois, já adolescente, mais uma vez ia me afogando, dessa vez no mar, em um mergulho de final do dia. Fui salva pelas minhas melhores amigas. Durante muito tempo tive grande fobia de água. Mas para mim não havia alternativa se eu quisesse seguir a carreira que escolhi, se não enfrentar o medo. E como aconteceu? Passo a passo, de forma simples e eficaz: Voltei a fazer natação, me matriculei no curso de mergulho básico ainda na Universidade, comprei aos poucos meu próprio equipamento e passei a praticar. Mas o ponto fundamental, o ponto de virada para mim foi, depois de algum tempo, encontrar alguém que gostasse tanto de água quanto eu… ou um tanto mais.
E para isso, não importa se é um marido, um buddy, muitas amigas, os instrutores ou uma companheira. Ter ao lado alguém que não se intimida por tempo, mar e roupa de borracha é um incentivo importante. Ter alguém que ao invés de pegar pelos cabelos pegue pela mão e compartilhe o prazer e a terapia que é o mergulho.
Um bom mergulho depende de vários fatores, entre esses sentir-se bem com o equipamento, confortável na água e segura de si. Ter alguém com quem contar é fundamental para um bom mergulho. Por isso escolha bem seus parceiros, ou busque parceiros melhores. Desfrute da experiência de estar imersa e em contato com a natureza em todas as dimensões.
Em uma sociedade de excessos e altamente sem filtros, mesmo sem querer replicamos muitas ideias prontas. A ideia da mulher que precisa ser arrastada pelo marido para mergulhar eu não vou replicar. Não mesmo. Para mim essa não é uma boa brincadeira. Como cantou soletrado a Rainha do soul e do R&B Aretha Franklin ainda em 1967 o que as mulheres mais precisam é R.E.S.P.E.I.T.O. Segue de inspiração o video de Aretha. E bons mergulhos, sempre.
Escrevo para mulheres como eu: Mergulhadoras. Mulheres apaixonadas pelo mar e seus segredos. Heroínas em roupas de borracha e máscaras. Guerreiras que enfrentam sol, cabelos arrepiados, mares bravios e certos tipos de homem. Legendárias sereias por debaixo das peles de mulher moderna. Não importa como chegamos até aqui: Todas somos do mar.
Bem vinda mergulhadora!
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This blog is dedicate to women in love with the sea and its secrets. Heroins wearing neoprene and masks. Beautiful warriors facing sun, bad hair, big waves and… men. Mermaids under a modern skin. We are all from the sea.