Confira a matéria fresquinha na Revista Mergulho, edição digital No. 02: Eu e Áthila Bertoncini conversamos com a super fotógrafa subaquática, a alemã Margit Sablowski, que conquistou o 3o. lugar geral no 15th World CMAS Underwater Photography Championship, o campeonato mundial da CMAS que aconteceu na Holanda em 2015. Na entrevista ela fala sobre técnica, inspiração, gênero e mostra seu portifólio! Baixe a revista e tenha acesso a todo conteúdo aqui.
Hilma Hooker é um naufrágio localizado na parte sudoeste da Ilha de Bonaire, destino caribenho conhecido como “o paraíso dos mergulhadores” e o acesso é feito por praia como a maior parte dos mergulhos de Bonaire.
O navio de aproximadamente 80 metros, repousa sobre seu lado boreste, entre duas formações de recife coralíneo. Aos 8 metros já é possível observar o naufrágio que apresenta profundidade média de 30 metros podendo atingir 40 metros junto ao fundo de areia onde está o mastro principal. As condições de água são geralmente excepcionais ultrapassando os 30 metros de visibilidade.
O navio naufragado em 1984 encontra-se em perfeito estado sendo possível percorrer toda a sua circunferência bem como explorar partes de seu interior. Na popa, o hélice encontra-se exposto e em ótimo estado permitindo lindas imagens Grande Angulares. No topo do mastro o busto de uma imagem de santa, já encoberta pela vida marinha, permanece intrigando os mergulhadores.
Além das duas formações de corais, que envolvem o navio, e uma formosa cobertura de esponjas, habitualmente se avistam cardumes de sargentinhos (Abudefduf sp.), pequenos bodiões (Sparisoma sp.), alguns tarpões (Megalops atlanticus), barracudas (Sphyraenabarracuda).
História: O Hilma Hooker é um navio holandês construído em 1951. Já no Caribe, em 1984, apresentou problemas no motor sendo rebocado para o porto de Kralendijk, em Bonaire. Sob suspeita, foi inspecionado e foram encontrados em seu interior 11.000 kg de maconha! Apresentando sérias avarias, e não tendo sido sua posse reclamada, o Hilma Hooker foi afundado em 12 de setembro do mesmo ano.
Dica: Considerado um dos principais pontos de mergulho da ilha, é um local bastante procurado. Para aproveitar melhor o mergulho, vale a pena chegar bem cedinho.
O vídeo a seguir dá uma boa ideia do que é possível encontrar no Hilma.
Para saber mais: Reef Windows: Opening Bonaire Dive Sites. Capitain Don. 256 p.
Se você fosse escolher a música da sua vida, qual seria?
Por volta dos anos meus 17 anos, quando me preparava para responder a pergunta: “O que você vai ser quando crescer?” foi a primeira vez que ouvi Heroes. Ao decidir os primeiros rumos da minha vida, esse som iluminado de Mr. David Bowie deu uma baita ajudinha. Desde então, ainda hoje e espero que até ficar bem velhinha, sinto um arrepio pelo corpo quando a ouço. Me sinto justamente como a primeira vez que a ouvi. Obrigada Mr. David Bowie pela melhor música da minha vida.
O ano de 2016 começou de forma espetacular para as fotógrafas e fotógrafos subaquáticos brasileiros.
Na sua primeira edição, o PRIME Brasil de Fotosub 2015, promovido pela Associação Brasileira de Fotografia Subaquática – a ABISUB, teve participantes de todo país que submeteram suas imagens para concorrer em dois grupos de acordo com suas aptidões e equipamentos utilizados.
Para os fotógrafos que competiram como Masters, o portfólio submetido à competição contou com fotografias divididas em cinco categorias: Master Grande Angular, Master CloseUp, Master Peixe, Master Temática e Master Criativa. Já as categorias de competição dos fotógrafos Iniciantes dividiram-se em: Iniciante Grande Angular, Iniciante CloseUp e Iniciante Peixe.
O corpo de jurados foi composto por renomados fotógrafos brasileiros e internacionais. De acordo com Fábio Freitas Silva, Presidente da ABISUB, “O Prime 2015 foi um grande sucesso. Foi o primeiro evento online realizado pela ABISUB com número bastante expressivo de competidores. Também me impressionou a qualidade das fotografias apresentadas, com fotos de alto nível técnico que poderiam muito bem vencer qualquer competição internacional. A categoria Iniciante foi uma grande surpresa, com fotos dignas de elogios dos grandes fotógrafos subaquáticos do país. Esse ano tivemos a categoria criativa desafiando os fotógrafos Master, algumas fotos ficaram simplesmente fantásticas comprovando a famosa criatividade brasileira. Um outro fator interessante e positivo foi a distribuição dos vencedores das categorias. Na categoria Master as 15 premiações foram distribuídas entre 12 competidores, bem como na categoria iniciante, das nove premiações, 7 diferentes competidores conquistaram medalhas.“
Confira os vencedores das primeiras colocações gerais dos dois grupos:
Categoria Master :
Ruver Bandeira (CE)
Roberto Formiga (RJ)
Ulisses Josei Turati (SP)
Categoria Iniciante:
Peu Guerbas (MS)
Fabio Ludmer (SP)
Celina Azevedo (SP)
Destaque especial para a participação das mulheres no PRIME 2015. Na categoria Master dos 25 participantes, 4 foram mulheres sendo que dentro as quatro categorias, Noeli Lara Ribeiro e Flávia Dalla Santa foram premiadas. Noeli venceu, nada menos que, o 1° Lugar na categoria Master Peixe e Flávia venceu o 2° Lugar na categoria Master Close Up.
Entre os iniciantes, dos 32 inscritos 10 foram mulheres sendo que o 3° Lugar Geral da categoria foi conquistado pela também mergulhadora e fotógrafa Maria Celina Junqueira de Azevedo. Celina também conquistou o 1° Lugar na Iniciante Peixe. Ainda, Fernanda Saldanha conquistou o 2° Lugar na categoria Iniciante Close Up. Parabéns à nossas fotógrafas e mergulhadoras!
E eu, sendo modelo subaquática há quase uma década, não poderia deixar de fazer menção à minha categoria favorita dos campeonatos: as fotografias grande angular com a presença de modelo. No PRIME Brasil 2015 essas imagens puderam ser apresentadas em duas categorias: Master Grande Angular e Master Criativa.
Com o passar dos anos, o olhar dos fotógrafos tem buscado valorizar a tanto a beleza estética quanto a integração da(o) modelo no ambiente. Seguem quatro lindas imagens que participaram da competição:
Copyright Waldemar Oliveira
Copyright Bernardo Mello
Copyright Fábio Freitas
Copyright Ruver Bandeira
Parabéns pelo maravilhoso desempenho às modelos e mergulhadoras (em ordem de aparição da esquerda para a direita) Lívia Diniz, Marcela Mello, Flávia Mergulhão e Cynthia Maria de Alencar Bandeira e aos fotógrafos que produziram essas belíssimas imagens!
O ranking completo e as imagens vencedoras, que valem muito à pena serem vistas, você confere no website oficial da ABISUB.
O PRIME classifica os competidores para a edição do Nacional de Fotografia Subaquática (NF) que será realizado entre os dias de 30 de março a 02 de abril em Cabo Frio, Rio de Janeiro.
Estreando a sessão de entrevistas do Blog Vida de Mergulhadora conheça o perfil da entrevistada do mês de dezembro: Cristina Zunino.
Além de pioneira na criação de um clube só de mergulhadoras no país, Cristina compartilha pelas redes sociais informações referentes ao mundo subaquático na comunidade Diver Girls Clube do Brasil (DGC).
O DGC agrega Mergulhadoras do bem, unidas pelo amor ao mergulho e que compartilham a missão de mergulhar juntas, neutras, corretas, para o bem e a paz, ajudar na conservação da vida marinha.
O grupo criado por Cristina compartilha notícias do mundo feminino no mergulho, os eventos para mergulhadoras, cursos, viagens, sempre ouvindo as opiniões femininas sobre o assunto. A Fan Page do DGC tem mais de 1500 seguidores e a comunidade, que vem crescendo a cada dia, atualmente conta com aproximadamente 900 integrantes.
Confira a entrevista que tive imenso prazer em realizar com essa querida mergulhadora, pessoa de grandes iniciativas, e que admiro muito:
VM: Como surgiu a ideia de criar um grupo de mulheres mergulhadoras?
Cristina: No princípio havia um grupo para conversas e esclarecer dúvidas na rede social Orkut. Quando o Orkut acabou achei que deveria investir sério na ideia de fomentar discussões entre mulheres mergulhadoras e criei o Diver Girls Club (DGC) nas redes sociais Facebook, YouTube e Twitter.
VM: Quais os principais benefícios do mergulho para as mulheres?
Cristina: Fisicamente, o mergulho queima calorias, mantém o corpo em forma, ou seja, faz muito bem a saúde! Psicologicamente, é uma ferramenta de transformação, de realizações pessoais. É a descoberta de um mundo novo. No relacionamento com o mundo marinho conhecemos novas pessoas, fazemos novas amizades e boas ações preservando e valorizando a vida marinha.
Imagem: Arquivo pessoal
VM: Como foi seu ingresso na atividade? Quais foram as inspirações e situações mais marcantes?
Cristina: Meu início no mergulho foi trágico. Sofri um acidente de lancha no mar e tinha trauma de água. Para mim, água só no chuveiro! Quando tomei a decisão de vencer limites, superar obstáculos fui em busca de meios de acabar com o medo de água e superar o pânico. Como sempre amei a vida marinha, resolvi fazer algo que permitisse estar em contato com ela. Decidida, fui à operadora de mergulho Diver’s Quest no Rio de Janeiro, comecei meu curso básico e mesmo contando com a ajuda de instrutores maravilhosos, levei meses para superar tudo. Meu primeiro mergulho foi em Arraial do Cabo na companhia de instrutores, amigas e família. Foi um passo de gigante! Tudo me acolheu, todos na água, o mundo marinho me aguardava.
VM: Qual a principal missão do Diver Girls Clube do Brasil?
Cristina: Nossa missão, nosso objetivo é desenvolver o mergulho feminino, divulgar, promover, incentivar as atividades das mergulhadoras, ajudando na conservação, preservação do meio ambiente e dos recursos naturais.
Imagem: Arquivo pessoal
Muito mais que uma forma de reunir mulheres mergulhadoras, as Diver Girls, voluntariamente, unem força e vontade em prol da conservação da vida marinha e realizam um belíssimo trabalho de inserção e manutenção das mulheres no universo do mergulho.Toda a renda arrecadada nas ações do DGC são doadas às ONGs voltadas à conservação da vida marinha.
Para você que ficou interessada em conhecer e fazer parte desse grupo super bacana, acesse a comunidade Diver Girls Club no Facebook e a Fan Page Oficial.
Há aproximadamente seis ou sete anos atrás, quando eu ainda morava na Bahia, lendo meu jornal num domingo ensolarado (como não poderia deixar de ser em San Salvador) me deparei com a divulgação da ilustração de uma talentosa artista local. Naquela altura eu e Áthila Bertoncini estávamos finalizando a edição e o projeto visual do primeiro livro de experiências do Projeto Meros do Brasil chamado Memórias do Mar. Assim, foi que pude conhecer melhor o trabalho da ilustradora Vânia Medeiros.
E, depois de alguma água rolada acompanhando o trabalho de Vânia descobri um novo projeto dessa fera que transformou a deriva continental em oito peças lindas para vestir. Como deriva continental tem tudo haver com oceanografia, oceanos, mar e água: A-mei! Da coleção selecionei três maravilhas, um trio cropped-body-bikini perfeito para o guarda roupa das sereias modernas.
Fiquei muito apaixonada por esse projeto e pela possibilidade de vestir arte feita por uma mente incrível. Essa baiana arretada, pelo amor à sua vida criativa e por ser um universo sem fim de ideias (acreditem ela é!), tem um espaço grande no meu coração.
A transformação da arte de Vânia em roupa, assim como de várias outras artes é uma iniciativa bem bacana da PhD. Galeria em São Paulo que é a primeira galeria de arte para vestir do mundo! Os itens da coleção custam entre R$60,00 e R$190,00 e a edição é limitada a 50 peças numeradas. Confira a coleção completa clicando aqui.
Sobre a artista:
VâniaMedeiros é natural de Salvador, Bahia e reside em São Paulo. Seu trabalho se materializa em diversos suportes e técnicas como desenho, colagem, instalação, cenografia, livros de artista e videos. Atualmente investiga cartografias poéticas a partir do caminhar na cidade em mestrado na FAU-USP.
Na semana passada, tanto recebi de várias pessoas quando acompanhei nas redes sociais, especialmente entre mergulhadores e grupos relacionados que sigo, a divulgação de uma imagem (a qual não tenho a menor ideia da autoria, embora a tenha até buscado) que me chamou imensamente a atenção: Na cena, uma mulher é arrastada pelo pé em direção ao mar por um mergulhador (entenda-se homem, macho, male entre outras denominações). Outro fato associado foi o de que os compartilhamentos, comentários e likes se davam com exclamações do tipo: “Comigo só se for assim!”, “É assim lá em casa”, “Mostre para Fulana sua esposa” ou ainda: “Minha mulher já está avisada” entre as mais frequentes expressões. Foi o que considero a verdadeira celebração do clube do bolinha mergulhador. Para entender minha reação, segue abaixo a fatídica imagem:
Diante desse episódio, gostaria de dizer algo bem importante: Comigo não é assim, e nem nunca foi. Nem comigo nem com inúmeras mulheres mergulhadoras, que vivem de e para o mergulho. Nem com aquelas que buscam apenas a si mesmas, alguma paz de espírito, contemplação à natureza, diversão, uma forma de praticar exercícios, fotografar ou a cura para suas feridas por meio do mergulho.
Não sou contrária a brincadeiras, e mesmo que pouco politicamente corretas às vezes, mas me incomoda muito o sentido como certos “memes” aparentemente inocentes refletem o estado arcaico, preconceituoso e imaturo da sociedade. Na verdade, de inocente a imagem compartilhada na internet tem muito pouco.
Primeiro, porque a icônica imagem de um homem da Pré-História arrastando uma mulher pelos cabelos que bem conhecemos não passa de um conto da Idade Média. Uma forma de fantasiar o suposto meio irracional de vida e de dominação masculina em um passado difícil de recompor até mesmo para o atual avanço da tecnologia. Assim, se você mulher, cresceu ouvindo essa história respire aliviada… Não passa de uma anedota Vitoriana, uma forma de imaginar e explicar o mundo naqueles tempos que, infelizmente sobreviveu até os dias de hoje.
No entanto, não respire aliviada para o fato de que mesmo depois de tantas batalhas femininas históricas por direitos e alguma igualdade civil, vemos novamente a ideia de inferioridade de gênero replicada.
Agora muitos pensarão: “Ah! Mas é porque o mergulho é um esporte/atividade/meio predominantemente masculino! Nada disso. Discordo. Se as mesmas condições sociais e econômicas (entre outras) fossem retratadas às mulheres, possivelmente teríamos tantas (ou mais?) mulheres quanto homens mergulhando. O que dizer, por exemplo, da maioria de mergulhadores japoneses ser formado por mulheres? O mergulho como qualquer outra atividade, apenas reflete os valores da sociedade em que se insere.
Sim, nós podemos!
Sendo mulher, e desde que me tornei mergulhadora, tenho curiosidade sobre o que faz, ou não, alguém tornar-se mergulhadora. Assim, sempre que posso, venho coletando impressões com colegas ou com pessoas desconhecidas mesmo, aqueles que a gente encontra uma vez em uma saída de mergulho e nunca mais. Às vezes sou eu quem pergunta, outras vezes são essas pessoas que falam. Na primeira oportunidade vou soltando logo: “Sua mulher, companheira, namorada (e por aí vai) também mergulha?” Bem, para minha árdua surpresa na maioria das vezes a resposta é um não tão óbvio “Não…”, seguido das mais diversas justificativas: “Ela não se sente bem”; “Ela não gosta” ou “Ela não gostou da experiência”; “Ela tem pavor de água; “Ela não é chegada nessas coisas”, ela isso, ela aquilo… sempre ELA. Claro, que há a possibilidade de sim ser um fato: Não gosta e pronto! Mas, tenho certeza, de que existe uma outra versão da história sobre a “aversão” de mulheres ao mergulho. E eu gostaria de ouví-las da boca das próprias mulheres.
A minha história com água começa quando, aos cinco anos de idade, quase me afoguei em um lago e fui salva por um colega de classe da minha irmã mais velha. Depois, já adolescente, mais uma vez ia me afogando, dessa vez no mar, em um mergulho de final do dia. Fui salva pelas minhas melhores amigas. Durante muito tempo tive grande fobia de água. Mas para mim não havia alternativa se eu quisesse seguir a carreira que escolhi, se não enfrentar o medo. E como aconteceu? Passo a passo, de forma simples e eficaz: Voltei a fazer natação, me matriculei no curso de mergulho básico ainda na Universidade, comprei aos poucos meu próprio equipamento e passei a praticar. Mas o ponto fundamental, o ponto de virada para mim foi, depois de algum tempo, encontrar alguém que gostasse tanto de água quanto eu… ou um tanto mais.
E para isso, não importa se é um marido, um buddy, muitas amigas, os instrutores ou uma companheira. Ter ao lado alguém que não se intimida por tempo, mar e roupa de borracha é um incentivo importante. Ter alguém que ao invés de pegar pelos cabelos pegue pela mão e compartilhe o prazer e a terapia que é o mergulho.
Um bom mergulho depende de vários fatores, entre esses sentir-se bem com o equipamento, confortável na água e segura de si. Ter alguém com quem contar é fundamental para um bom mergulho. Por isso escolha bem seus parceiros, ou busque parceiros melhores. Desfrute da experiência de estar imersa e em contato com a natureza em todas as dimensões.
Em uma sociedade de excessos e altamente sem filtros, mesmo sem querer replicamos muitas ideias prontas. A ideia da mulher que precisa ser arrastada pelo marido para mergulhar eu não vou replicar. Não mesmo. Para mim essa não é uma boa brincadeira. Como cantou soletrado a Rainha do soul e do R&B Aretha Franklin ainda em 1967 o que as mulheres mais precisam é R.E.S.P.E.I.T.O. Segue de inspiração o video de Aretha. E bons mergulhos, sempre.
Já escolheu seu destino de mergulho para o final de semana? Não importa se será nos Trópicos no Ártico, no Antártico (brrrrr) ou em latitudes intermediárias. Se a água estará roxa, azul ou verde. Se será com a companhia perfeita ou sozinha. Importa mesmo é levar você, esse seu corpo lindo e sua cabeça para passear na água salgada. Bons mergulhos!